22 de abr. de 2010

A CERÂMICA POPULAR DO VALE DO JEQUITINHONHA:


 Em 2010 nossa viagem percorrerá a cerâmica do Vale do Jequitinhonha, situado no norte do estado de Minas Gerais, tradicionalmente conhecido pela pobreza e pela seca é pródigo na produção de peças de cerâmica. Graças às mãos habilidosas de suas habitantes, o barro abundante na região se transforma em artefatos reconhecidos pela excelente qualidade e criatividade. Durante sete anos, a ceramista Lalada Dalglish acompanhou o dia-a-dia das mulheres que se dividem entre a lida da casa e o artesanato. O resultado desta pesquisa pode ser conferido em Noivas da Seca, lançamento da Editora UNESP. Ricamente ilustrado, o livro destaca a produção de cerâmica nas regiões de Caraí (Ribeirão do Capivara), Turmalina (Campo Alegre), Minas Novas (Coqueiro Campo) e Santana do Araçuaí, com destaque especial para Noemisa, Zezinha, Aparecida e Isabel, reconhecidas artesãs que sobrevivem exclusivamente do seu trabalho. 
Na 20ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, Lalada Dalglish apresentou "Noivas da Seca - Cerâmica popular do Vale do Jequitinhonha, editado pela Imprensa Oficial do Estado e Unesp. Abaixo, postamos a entrevista para que vocês possam saboreando nossa viagem deste ano...

FIGUREIRAS DE TAUBATÉ:





Os trabalhos de modelar pequenas figuras iniciaram-se através dos frades franciscanos do Convento de Santa Clara, no século XVII, que encomendavam às mulheres, por ocasião das festas natalinas, a confecção de presépios com cenas relativas ao nascimento de Jesus: o Estábulo de Belém, a Manjedoura, São José, Nossa Senhora, os Reis Magos, a Estrela e os animais: burrico, boi, vaca, carneiro... Com o tempo e, com muita criatividade, sensibilidade e humor, as figureiras passaram a espelhar em seus trabalhos outros temas.  Novos personagens surgiram representados por pequenas figuras sempre bem coloridas, com dimensões entre 3 e 25 cm, retratando o cotidiano, as profissões, as festas religiosas, os animais e o imaginário popular. Assim surgiram o Pavão (também chamado de Galinho do céu), a Chuva de Pavões, o São Francisco com os pássaros, Nossa Senhora das Flores, Nossa Senhora de Aparecida, e muitas outras figuras.

As figureiras modelam suas obras usando barro que é amassado delicadamente com os dedos. As peças não são levadas ao forno, são secas ao tempo, por cerca de 24 horas. Em seguida, inicia-se a decoração, quando são pintadas, nos mínimos detalhes, com tintas comerciais do tipo, acrilex, suvinil, pó xadrez e similares. Uma das características do trabalho de todas as figureiras são as cores vibrantes das peças. Aplicam muito um azul de tom forte, amarelo, verde, branco, preto, vermelho, prateado, dourado, etc.


(fotos: Bárbara Milano)

VIAGEM 2009: CUNHA E TAUBATÉ


Saindo de Sampa:

                        (foto: Bárbara Milano)  

Atelier Jardineiro e Suenaga

A turma:
   
Forno Noborigama:
Por dentro:
                        (fotos: Daniela Bueno)

Atelier Anand

Queima de Raku:
                        (foto: Felipe Camargo)

Atelier Alberto Cidraes
                  
Sarau com instrumentos feitos de cerâmica:

   
(fotos: Daniela Bueno)


21 de abr. de 2010

O PROJETO:

Para a primeira postagem do blog... as apresentações:

O Projeto de Extensão Universitária "Panorama da Cerâmica Brasileira" acontece uma vez por ano e em 2009 ocorrerá no pólo cerâmico de Cunha em São Paulo. A proposta se estenderá aos estados de Minas Gerais e Nordeste do Brasil em áreas de grande produção de cerâmica popular. O projeto tem como objetivo divulgar a cerâmica popular brasileira; promover intercâmbio entre Universidade/aluno/artesão; resgatar saberes tradicionais e técnicas artesanais de construção da cerâmica; e publicar as pesquisas como produção acadêmica.

Pretende-se com este curso mapear e documentar o panorama atual da cerâmica popular brasileira. Na primeira fase do projeto, realizada no ano de 2009 foi proposto pesquisar a cerâmica produzida na cidade de Cunha-SP. Cunha é hoje o maior centro produtor de cerâmica artística no Estado de São Paulo e possui mais de 30 ateliers e um grande número de artesãos japoneses e brasileiros que utilizam uma técnica milenar de queima, usando fornos queimados a lenha, denominados "Noborigama". O Projeto Iniciou-se com um curso prático/teórico sobre o histórico da cerâmica, suas técnicas básicas de modelagem e coloração, as técnicas de construção de fornos e os vários tipos de queimas usadas na região. A segunda parte do curso será a pesquisa "in loco"que inclui visitas à cidade de Cunha e aos diversos ateliers de cerâmica onde haverá palestras ministradas pelos artesãos locais e demonstrações das técnicas de modelagem, esmaltação e queima da cerâmica e explicações sobre seus fornos e as tradições da queima.

Lalada Dalglish,
cordenadora do curso.



Lalada Dalglish é Doutora (Ph.D.) em Integração da América Latina (arte e cultura), pela USP-Universidade de São Paulo-SP e University of Califórnia Berkeley-USA; tem Mestrado em Artes (Design Cerâmico e Escultura), pela University of Puget Sound, Washington-USA e Bacharelado em Artes pelo Evergreen State College, Washington-USA. Fez especialização em cerâmica nos Estados Unidos, Japão e Coréia do Sul, ministrou cursos e palestras em vários países do mundo e implantou oficinas de cerâmica em Universidades brasileiras, incluindo Manaus, Belém, Rondônia, Brasília, e São Paulo. É autora dos livros “Noivas da Seca cerâmica popular do Vale do Jequitinhonha”, “Mestre Cardoso: a arte da cerâmica amazônica” e “Mulheres que fazem cântaros: tradição e transformação na cerâmica Paraguaia”. É Chefe do Departamento de Artes Visuais, Coordenadora dos Cursos de Pós-Graduação (Lato Sensu) em Arteterapia e em Ecologia, Arte e Sustentabilidade, é professora de cerâmica e escultura na graduação e pós-graduação do Instituto de Artes da UNESP – Universidade Estadual Paulista, São Paulo/SP. www.ia.unesp.br

Pesquisas Desenvolvidas e em Desenvolvimento:
Tendências do Design Cerâmico nas Universidades Brasileiras - Brasil 
A Cerâmica dos Índios Guaranis do Paraguai – Paraguai  
Cerâmica Afro-brasileira nos Quilombos do Brasil – Alagoas, Maranhão,Minas Gerais, Goiás 
A Cerâmica do Vale do Jequitinhonha - Minas Gerais  
Bienal Barro de América – Venezuela e Brasil  
Cerâmica Popular do Paraguai – Tobatí, Itá e Assunção - Paraguai
Ex-Votos - As Esculturas Milagrosas – Bahia, Minas Gerais e Goiás    
Santeria Cubana - Ritual e Magia – Cuba  
Manuel Mendive - Arte e Ritual – Havana – Cuba  
A Arte da Cerâmica Amazônica - Pará e Amazonas 
Design Cerâmico -Tendências Atuais de Pisos e Revestimentos Cerâmicos – Brasil
Francisco Brennand – A Magia na Cerâmica Contemporânea – Recife-PE 
A arte de Mestre Vitalino e seus seguidores - Alto do Moura - Caruaru - PE  
Cunha - Cerâmica e Tradição – Cunha - SP  
A Cerâmica de São Paulo – do Popular ao Contemporâneo – São Paulo-SP 
Cerâmica Popular do Poty Velho – Teresina - PI 
Cerâmica Oriental e sua influência no mundo ocidental – Japão e Coréia.